No próximo dia 5 de março, a CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança realizará uma plenária para decidir sobre a liberação de três novas variedades de plantas transgênicas: milho resistente ao 2,4-D e haloxifape, e o eucalipto transgênico. Além de mais agrotóxicos sendo comercializados no Brasil, o maior mercado mundial desde 2008 seguido dos Estados Unidos, a liberação dessas sementes modificadas acarretariam em graves danos para o meio ambiente e à saúde humana e animal.
Entenda o processo
Segundo Leonardo Melgarejo¹, o milho transgênico em questão (de codinome DAS-40278-9) contém genes de bactérias que o tornam resistente aos herbicidas 2,4-D e haloxifope, nos quais ele seria banhado a fim de compor uma nova cultura agrícola resistente a ervas daninhas. Liberar essas sementes modificadas para a comercialização, porém, seria intensificar o uso desses agrotóxicos que são classificados como “extremamente” e “altamente” tóxicos. O 2,4-D, por exemplo, é um componente do famoso Agente Laranja, classificado como “extremamente tóxico” pela ANVISA e que, segundo documento disponibilizado pela Fiocruz, afeta o sistema reprodutivo, hormonal e está inserido no grupo dos herbicidas que apresentam evidências de desenvolvimento de câncer em seres humanos.
Já no caso do eucalipto transgênico (codinome H421), os impactos ambientais são sérios. Nele há um gene que acelera o seu crescimento, reduzindo o ciclo de corte de 7 para 4 ou 5 anos, o que, segundo especialistas da área, ocasionaria impactos graves nas microbacias nas plantações, consumindo mais água e agravando a crise hídrica que o Brasil enfrenta. O eucalipto transgênico também afetaria a dinâmica da apicultura. Estima-se que todo o mel produzido no Brasil possua em sua composição 1% de pólen do eucalipto. A liberação do eucalipto transgênico acarretaria em grande perda na produção do mel orgânico por conta da contaminação, atingindo os cerca de 280 mil pequenos produtores orgânicos que exportam os seus produtos.²
Essa pauta vem ganhando força na CTNBio uma vez que lavouras transgênicas de milho tem adquirido resistência ao glifosato (tecnologia da Monsanto) e/ou ao glufosinato de amônia (tecnologia da Bayer), impulsionando o agronegócio a experimentar outras tecnologias, e também pelas vantagens comerciais na aceleração da produção do eucalipto.¹
Sobre a campanha
Os impactos sociais e econômicos dessa liberação são muitos, atingindo desde os pequenos agricultores e camponeses contaminando as diferentes variedades de milho e mel que produzem, até o meio ambiente com a perda de biodiversidade que a monocultura acarreta.
Informando sobre a importância da decisão a ser tomada amanhã pela CNTBio, devido aos impactos na fauna, flora e na saúde e atividades humanas, a Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida vem convocando a sociedade a fazer parte do movimento contra a liberação do milho e do eucalipto transgênicos.
Saiba mais sobre a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida
O Comitê do Distrito Federal da Campanha está organizando um ato amanhã, em frente a Agência Nacional de Águas, em Brasília. Saiba mais: http://migre.me/oSt8y
¹Texto consultado disponível em: http://www.movimentocienciacidada.org/noticia/detail/57
²Informações retiradas da análise sobre o eucalipto H421 do Paulo Yoshio Kageyama, professor titular da USP, agrônomo e doutor em genética: www.contraosagrotoxicos.org/index.php/materiais/relatorios/consideracoes-sobre-o-eucalipto-transgnico-h421-da-futura-gene-kageyama/download